segunda-feira, 9 de junho de 2008

ANCAS - Carta de Doação da freguesia

(Carta de Doação de Ancas por D. Afonso Henriques a Marina Soares no ano de 1143)


TRADUÇÃO DA CARTA DE DOAÇÃO DE ANCAS:

1143, Novembro – D. Afonso Henriques doa a vila de Ancas (c. de Anadia) a Marinha Soares.

TT - CR, Santa Cruz de Coimbra, m. I (régios), doc. 24.
Publ.: Documentos Medievais Portugueses, Documentos Régios, vol. I, t.I, Lisboa, 1958, doc. 201.

Em nome de Cristo. Uma vez que é apanágio dos reis, e de todo o varão detentor do título de homem livre, satisfazer a sua vontade em relação aos seus próprios bens, eu Afonso rei de Portugal, filho do conde Henrique e da rainha Teresa, neto também do grande rei Afonso decidi fazer carta de doação e firmidão a ti Marinha Soares da minha vila ("uilla") própria que é chamada Ancas (Enchas) e que assim é delimitada. A oriente como divide com Mogofores e com Sá por uma fonte de Lodeiro como verte água por aquele sobreiro forcado e daí por aquela estrada mourisca e daí por aquela lagoa e daí àqueles poços e daí àquela lagoa e daí por aquela estrada pequena que vai a Paredes e daí por aquela mamoa como verte água para áfrico e daí à via de S. Lourenço e daí liga-se por aquela fonte de Lotário. Dou e concedo-te essa sobredita vila ("uillam") com as suas direituras e com todo o meu direito onde quer que possas alcançar para remédio da minha alma e pelo bom serviço que a mim sempre fizeste, de modo que deste dia tu a possuas como eu a possuí e toda a tua posteridade em perpétuo e faças dela o que te agradar.
Por isso todo aquele que contra esta minha doação levantar ameaça ou de alguma maneira tentar diminui-la ou alterá-la, se feita segunda ou terceira admoestação não pagar a adequada coima, seja maldito e separado do senhor Deus e além disso pague a ti e a teus sucessores essa vila ("uillam") em duplicado ou quanto for melhorada e DC os soldos de boa moeda e ao senhor da terra outro tanto e reconheça-se culpado em divino juízo da iniquidade que perpetrou e no juízo final seja submetido a rigorosa punição, e esta minha dádiva tenha sempre validade.
Feita essa firmíssima carta de doação no mês de Novembro da Era de Mª Cª LXXXª Iª. Eu Afonso príncipe da pátria, Portugalense que esta doação seriamente mandei escrever perante testemunhas idóneas roboro e com as minhas próprias mãos faço este sinal.
Egas Moniz mordomo da cúria confirmo, Álvaro alferes conf., Fernando Cativo cof., Mendo Afonso conf., o senhor de Coimbra Rodrigo conf.
Pedro Mendes procurador testemunha, Randulfo ts., Gonçalo Dias ts., Martinho Anaia ts., Fernando Guterres ts.,
Alberto Chanceler notou.
(Sinal) Portugal.

Tradução de Maria Helena da Cruz Coelho
Professora da Faculdade de Letras de Lisboa

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