quarta-feira, 6 de agosto de 2008

freguesia de "AVELÃS DE CIMA"

População: 2336

Actividades Económicas: Agricultura, Cerâmica, Extracção de Madeiras e Exploração de Barro Vermelho


Festas e Romarias: Santo António (domingo mais próximo a 13 de Junho), Festa do Senhor (feriado do corpo do senhor), Festa da Senhora (domingo anterior a 13 de Outubro) e Nossa Senhora da Assunção (40 dias após a Páscoa)


Património: Igreja Matriz, Capelas das Neves e de São Miguel da Mata e Fonte das Neves


Outros Locais: Parque das Neves e Almas de Ferreirinhos


Gastronomia: Leitão assado e chanfana


Colectividades: Associação desportiva e cultural do Pereiro, Académico de Avelãs de Cima, Associãção cultural e recreativa da Candeeira, Núcleo desportivo de Boialvo, Associação recreativa de Canelas e Associação desportiva "Os Figueirenses"


Orago: S. Pedro
(Orago - S. Pedro)

AVELÃS DE CIMA:

Avelãs de Cima é uma freguesia portuguesa do concelho de Anadia, com 40,88 km² de área e 2.336 habitantes (2001). Densidade: 59,8 h/km².

Dista da sede concelhia cerca de cinco quilómetros, faz fronteira a norte com Aguada de Cima e Belazaima do Chão, do concelho de Anadia; a este é limitada pela freguesia de Espinho, do concelho de Mortágua; a sul faz fronteira com a Moita e finalmente a oeste com a freguesia de Arcos.


Historial:
Estamos em crer que o nome desta povoação terá aparecido já na época da 1ª reconquista. Avelãs de Cima formou "concelho medieval" incluindo lugares de outras freguesias, tais como Arcos, Famalicão, Outeiro de Baixo e Pereiro. O foral obtido é Manuelino - 1514, e já anteriormente obtivera de D. Dinis.
Em 1514, D. Manuel I, concede carta foral a Avelãs de Cima, Pereiro e Boialvo, extintos em 1836, à excepção de Avelãs de Cima.
Actualmente, todos estes lugares pertencem à freguesia de Avelãs de Cima.
No século XIX, no período das Invasões Francesas, Avelãs e Boialvo tiveram um papel preponderante porque estiveram ligadas ao movimento de retirada do exército do general francês Massena, após a sua derrota, no Buçaco, a 27 de Setembro de 1810. A testemunhar tal facto, existe um local cujo nome é "Lapa dos Franceses".
Os franceses, permaneceram nesta lapa até se reorganizarem. Toda esta manobra do exército francês, para se refugiar em Boialvo ficou conhecida na história por "Manobra de Boialvo" ou "Caminho de Boialvo".

TOPÓNIMO:

- Povoações que constintuem a freguesia: Seus TOPÓNIMOS e prováveis origens:

AVELÃS DE CIMA - sede da freguesia

Estamos em crer que o nome desta povoação terá aparecido já na época da 1ª Reconquista.
Segundo a opinião de Pedro Augusto Ferreira, in «CONIMBRI-CENSE»», n.O 6.014, de 1904, o nome de Avelãs, como localidade, derivou de Avelleiral ou Avellanal, nome romano ligado à botânico, cujo fruto deu o nome à terra. As aveleiras ou avelaneiras teriam existido em grande quantidade nas margens da Ribeira da Cabria que passa entre S. Pedro e Avelãs de Cima. Avelãs de (jusam)=foz (latim medieval ou castrense) ou Avelãs de Baixo; em contrapartida com a outra Avelãs de (Susam=nascente, ou Avelãs de Cima. Porém, aquela não ficou Avelãs de Baixo, mas sim Avelãs de Caminho, tomando o nome do caminho que a atravessava (então estrada militar romana, ligando Lisboa a Chaves) hoje E.N. nº1.

BOIALVO

Para dar a noção mais ou menos aproximada do que se terá passado em relação ao topónimo «BOIALVO», referimos que os antigos, nesta zona, viviam principalmente da caça e costumavam apanhá-la com um artifício: o caçador cobria-se com um couro de boi, cuja pele seria, para este caso, de cor branca e daí boi branco ou Boialvo.
Os caçadores usando desta dissimulação, a caça não fugia e era assim facilmente apanhada.
Este sistema era utilizado com maior frequência na caça à perdiz, apesar de ser legalmente proibido.


CANDIEIRA

Toda a lâmpada ou tocha sem diferenciar o combustível, azeite, cera ou qualquer outro que produzisse chama, era a nossa popular candeia, usada durante séculos.
Assim, a raiz da palavra «candieira» vem do latim - candela-, dando-se a síncope do (l)=candea; depois a ditongação ou alargamento do (e)=candeea; finalmente, o sufixo (eira) que significa profissão.
Tudo leva a crer que no lugar da Candieira, em tempos, muito remotos, tivesse existido o artesanato do fabrico de candeias.
Dos romanos se conhecem belíssimas candeias (lucernas), algumas em rico estilo; sendo de metal atingem elevado valor, e mesmo de barro são muito procuradas.


CANELAS

SOUSA VITERBO, no seu precioso «ELUCIDÁRIO», apresenta dois termos com o mesmo radical, CANA: canada e canadela. O nosso topónimo «Canelas», apresenta o primeiro elemento, CANA que com o sufixo diminuitivo (ela), seria pequena «cana», depreendendo-se que seria um caminho por entre povoados «ermos e escusos», doc. de 1457.
O outro termo com a mesma raiz: canadela, foi uma pequena medida do norte do país (do séc. XIV).
No caso do topónimo «CANELAS», temos: canada + o sufixo (ela)=canadela; em canadela, deu-se a síncope do (d)=canaela; depois deu-se uma assimilação regressiva:=caneela, e, finalmente, a aglutinação dos dois (ee)=Canela. Com o uso ao longo dos tempos, sofreu uma pluralização, dando a palavra Canelas.


CERCA

Este topónimo parece ter sido de origem militar. Muito provavelmente a palavra «CERCA» indicará a presença de um castro de que castelo é diminutivo.

CORGO OU CÓRREGO

Este topónimo é de origem hidrográfica. Córrego é uma torrente de água que corre entre montanhas. Portanto, a povoação recebeu o nome da situação que ocupa em relação à geografia física onde está inserida.

COUTADAS

Este topónimo assenta no privilégio que os Reis e os nobres possuíam de exercer certos tipos de actividade, nomeadamente a caça, a pesca e a apascentação de gado, nos seus domínios, sem que qualquer outra pessoa o pudesse fazer. Mais tarde, algumas coutadas se constituíram em benefício de lavradores.
Provavelmente, a pequena povoação das Coutadas, paredes meias com a de Avelãs de Cima, teria sido área privilegiada, nas actividades atrás mencionadas, em tempos remotos.

FERREIRINHOS

Este topónimo denota o exercício da arte de serralheiro, neste local, em tempos muito recuados. Bem perto de Ferreirinhos, na freguesia da Moita, encontramos a povoação de Ferreiros.
A norte de Ferreirinhos, no Concelho de Águeda, existe a povoação de A-dos-Ferreiros, ou seja, a «Póvoa dos Ferreiros». Todas estas povoações tomaram o nome da profissão dos primeiros habitantes destes locais.
Na Idade Média os artífices agrupavam-se em zonas mais próprias para o exercício das suas actividades. Assim se explica, por exemplo, o agrupamento dos artífices de serralharia na povoação de A-dos-Ferreiros, pois esta localidade foi atravessada nos séculos III e IV por uma estrada romana que ligava a região do Vouga a Viseu.
A radicação de um núcleo de ferreiros nesta zona, testemunha o grande número de carros de muares que transitavam na sobredita estrada romana, e a natural feitura e reparação dos mesmos. Além deste facto já referido, tornava-se necessário fazer as alfaias agrícolas usadas nessas épocas para o agricultar da terra.
Teriam existido, certamente, razões de natureza económica e profissional nas referidas povoações de Ferreiros e Ferreirinhos para que nelas se tivessem fixado os artífices do ferro.

FIGUEIRA

Este topónimo é de origem botânica. Certamente os primeiros povoadores, ao fixarem-se nesta localidade, deveriam ter encontrado grande número de figueiras, dando a árvore o nome à terra.

MATAS (DE BAIXO E DE CIMA)

Não nos preocupemos com o significado de uma povoação nossa vizinha - Bustelo - que significa pequeno bosque. A palavra «mata» significa terreno arborizado em maior extensão e com espécies vegetais diferentes daquelas que caracterizam a vegetação dos pequenos bosques ou bustelos.

NEVES DO PINHEIRO

Esta povoação, no tempo do foral manuelino e até à construção da primitiva capela, teve apenas o nome de «Pinheiro». É assim mesmo designada no texto do foral. Mais tarde, após a construção da capela, a povoação tomou o nome da padroeira que por simplificação de linguagem se diz apenas Neves, ou ainda, também, um topónimo mais lato, Neves do Pinheiro.

PARDEEIRO

Este termo significa casa em ruínas, que não é o mesmo de cabana ou cabanas que foi a primeira habitação do Homem a seguir às grutas.

PORTO DE VIDE

O primeiro elemento ou raiz da palavra é «porto» que significa o local da cobrança dos impostos designados no foral; o segundo elemento «DE VIDE», indica a derivação de «DAVID», provavelmente o nome do primeiro cobrador de impostos neste local ou, então, o do primeiro morador da povoação. Portanto, a povoação do PORTO DE VIDE foi, em épocas muito remotas, o local onde as pessoas desta zona iam pagar os foros exigidos pela Carta do Foral.

PÓVOA DO GAGO

O primeiro elemento designa acomodação de pessoas para habitar o local. Talvez precedesse o nosso Rei-Povoador, D. Sancho I, mas já os Reis da reconquista tiveram todo o cuidado de povoar sítios ermos. A palavra «GAGO» denota que o primeiro povoador, desta zona, sofresse da gaguez.

S. PEDRO

Este topónimo vem do orago da terra.

SITUAÇÃO E LIMITES:

Estende-se desde as terras baixas das proximidades de Avelãs de Caminho até às terras altas e já montanhosas dos Concelhos de Águeda e de Mortágua.
A norte, é limitada pelas terras da freguesia de Aguada de Cima; a sul, confina com as terras das freguesias de Arcos e da Moita; a nascente, com as terras das freguesias de Agadão, no Concelho de Águeda, e com as das freguesias de Pala e de Espinho, no Concelho de Mortágua; a poente, com a freguesia de Avelãs de Caminho.
É constituída por 16 povoações: Avelãs de Cima, Neves do Pinheiro, Pereiro, Porto de Vide, S. Pedro, Cerca, Candieira, Figueira, Mata de Cima, Mata de baixo, Boialvo, Pardieiro, Corgo de Baixo, Canelas, Póvoa do Gago e Ferreirinhos.

ORIGENS DA FREGUESIA

- O concelho e a sua extinção

Avelãs de Cima foi no séc. X, época da primeira reconquista, uma antiga vila rural, transformada, mais tarde, no séc. XIII, em freguesia.
As vilas rurais, romanizadas, originaram as nossas freguesias de tipo político-administrativo semelhantes às actuais.
O Município, também muito antigo, da época medieval, abrangia, além dos lugares da actual freguesia, outras povoações, tais como: Arcos, Famalicão, Outeiro e Póvoa do Pereiro.
O velho Concelho de Avelãs de Cima, com todas as repartições próprias do Município, foi extinto pelo decreto de 6 de Novembro de 1836, assim como muitos outros.

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